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quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Ed Brubaker, Capitão América e Superman
Quando era moleque assinava as revistas da Marvel num pacote vendido pela Editora Abril. Todo mês recebia em casa os gibis do Homem-Aranha, X-men e outros. Entre os títulos estava o do Capitão América que praticamente era sempre deixado para ser lido por último. Sério, eu não achava sentido naquele cara. Ele não tinha a personalidade trabalhada (e sofrida) do Peter Parker, o alter ego do Homem-Aranha, nem era odiado por quem protegia como os X-men, e nem era um heroi marginal como o Demolidor que vinha no título Superaventuras Marvel. Era só um cara vestido com a bandeira dos Estados Unidos que enfrentava variações distorcidas de si próprio e uns vilões meio que de segunda. E tudo tinha muita cor. E o grupo que ele fazia parte, os Vingadores, também não era na época o sucesso de hoje (estamos falando do final dos anos 80 e início dos 90).
Mas assim como Brian Michael Bendis deu uma sacudida nos Vingadores e levou o grupo às alturas, a Marvel apostou no roteirista Ed Brubaker para dar uma repaginada no soldado americano. E acertou. Desde 2005 que a trama do personagem ganhou um tom de espionagem, com vilões que se escondem atrás de corporações e altos escalões do governo e praticam ações terroristas. Além disso, esse Capitão América desobece leis caso ache que são inconstitucionais, aparece bebendo uma cerveja e depois dando uns amassos na Sharon Carter, e, amém, tem menos cores. O traço (excelente) de Steve Epting também trouxe elementos de farda militar ao uniforme do heroi, assim como a opção por azul e vermelho escuro diminuiram aquela sensação de quão ridículo é ler histórias sobre caras fortões que usam colantes. Como roteirista do Capitão América, Ed Brubaker já faturou dois prêmios Eisner. E melhor, fez toda uma geração engolir a existência e a possível motivação de um “Capitão América”. No filme, muitos elementos da fase atual dos quadrinhos foi utilizada, porém com uma ambientação nos tempos da Segunda Guerra Mundial, o quê também é um acerto da produção, pois facilita a venda mundial um filme que se passa numa época em que o mundo estava claramente dividido.
Propaganda ou não do “american way of life”, o fato é que o Capitão América chega numa posição privilegiada. E enrolei até aqui para chegar na máxima que não existe personagem ruim, e sim histórias mal escritas.
Por isso chegamos agora ao azulão de Metrópolis, o Superman, que em setembro agora ganha uma nova fase nas mãos de Grant Morrison, roteirista que nos últimos anos conduziu as tramas e o universo do Batman (com erros e acertos, cá entre nós). Aliás, Grant Morrison, junto com Frank Quitely, realizou a série “All Star-Superman”, acho que o ultimo arco de histórias realmente elogiado protagonizado pelo personagem. Nessa reformulação que acontece agora, o herói abandona a tal sunga vermelha por fora das calças e passa a buscar seu lugar no mundo, sendo ele um alienígena que vive na Terra. Explorar esse lado do Superman, lembra inclusive a trama do próprio Capitão América, um sujeito que fica congelado por décadas e passa a ser um homem que vive fora do seu tempo. A opção de um Superman com um tom de azul e vermelho mais escuro lembram o processo do Capitão. Mas fala sério né? Quem realmente lê um gibi do Superman? A saga atual da revista dele onde um novo planeta Krypton surge, teve até uma premissa boa, mas se esticou tanto que já se perdeu há tempos no meio do caminho. Outro fato é que o Superman estava casado há quase vinte anos. Toda uma geração começou a ler gibi vendo o “maior herói da terra” salvando o mundo e entrando em casa na ponta dos pés para não acordar a Lois Lane. O casamento na época serviu para atender os interesses dos produtores das série televisiva Lois & Clark, onde os mesmos também juntavam os trapos. Por isso, assim como foi feito com o Homem-Aranha, o Superman está na pista para negócio e com a vantagem de não ter aquela maldita sunga para atrapalhar.
Sem precisar reiniciar seu herói ou recontar origens, Ed Brubaker conseguiu melhorar e muito o status quo do Capitão America para a Marvel. Resta a DC Comics aprender a lição e perceber que nada adianta mudanças de uniformes, casamentos desfeitos e reinício de cronologias se tudo isso não vier acompanhado do que de fato os leitores de quadrinhos buscam todo mês nas bancas: uma boa história!
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Mas eles vão remodelar todo o universo DC, pela enésima vez, como sei q isso faz parte das HQs de heróis, darei mais uma chance via torrent sem gastar um real em revistas de papel. Um abra~ço do Tandera
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