terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Os Hábitos Delinquentes!

Queria dedicar esse post para a Lou Lou Chavarry e para o Raoni. Quero de antemão deixar claro que não são meus amigos pessoais. Por conta do meu trabalho no Circo já trocamos algumas ideias convenientes ao serviço e só. Não saberia o que servir num jantar para a Loulou nem que presente de Natal faria o Raoni saracutear de felicidade.
Mas os dois foram para mim verdadeiros heróis ao realizarem a apresentação do Delinquent Habits no Circo Voador.
Olha cara, como disse, nenhum dos dois é íntimo da minha pessoa, mas o pouco que eu sei de uma coisa ou outra é que são dois dos produtores, comunicadores e profissionais mais atuantes dessa cidade. Eu não sei quantas horas tem os dias, principalmente da Lou Lou, mas certamente são mais do que os meus de tanta coisa que a moça é envolvida. Ou seja, se eles se reuniram para fazer alguma coisa era dever cívico mais gente estar atenta. Ah, você não foi e quer saber como estava?
Corta para segunda, dia seguinte, saio da lona e quem encontro em frente ao batalhão da PM (só de passagem, nenhum de nós estávamos lá dentro, ok)? Dj Negralha. "E aí, Lencinho?" e depois de amenidades ele pergunta "Como foi o Delinquent Habits ontem?". Respondi a verdade "Quase nenhum pagante". Negralha se assustou como se eu tivesse saído de uma realidade paralela. "Como assim. Eu tava fora ontem mas geral no facebook só falava do futebol e desse show". (pensei em editar a parte do futebol, mas não havia necessidade, Negralha destacou que havia pessoas falando que viriam ao SHOW)
Corta para semanas antes. Eu na porta do Cinema Cachaça no Odeon para ver os curtas e uma banda de amigos. Larguei o intrépido Wilson Domingues na fila e fui falar com os membros da banda que avistei.
- Olá - disse com um sorriso na cara e uma lata de cerveja na mão.
Tremeram. Amarelaram. Nem Peter Sellers em "Um Convidado bem Trapalhão" poderia ter feito uma entrada pior. A menina da banda se antecipou.
- Vai entrar?
- Claro. - respondi procurando o maço de cigarro de palha e constatando que o bolso da calça estava furando o que fazia as moedas derraparem até minha meia.
Novamente os músicos da banda se olharam. A menina parecia querer acabar com aquele drama.
- Mas...
- E, meu amigo tá quase chegando na boca do caixa. - interrompi.
- Vai pagar? - disse a mesma boquiaberta. E no que eu balancei positivamente a cabeça, ela completou - Poxa. Você é o primeiro amigo nosso que vai pagar.
Momento folhetim a parte, se você sentar com a maior parte dos produtores dessa cidade, você vai ver que não relatei absurdos. São cenas de um cotidiano que se repete de uma forma que eu gostaria muito de achar uma louvável explicação, mas não acho.
E não estamos falando de nenhum absurdo quando temos o Delinquent Habits a um ingresso de R$ 40,00. E esses produtores ainda tiveram o esforço de trazer o B Negão e a banda que, assim como o Dj Tamempi, são cariocas que estão radicados em São Paulo, porque não conseguem pagar as contas no fim do mês no mercado do Rio.
Muita gente que disse para o Negralha que vinha ao Delinquent Habits realmente deve ter vindo. Alguns, realmente, porque nem sempre a vida é grata, mereciam convites. Será que todos?
É realmente louvável a iniciativa de vários crowndfundings. Nosso histórico com o grupo Queremos prova isso. Mas é preciso que também se apóie a iniciativa dos produtores independentes. Ainda mais destes dois que já deram tanta prova de que trabalham para fazer desta cidade mais do que um balneário bobo e repetitivo.
E que não seja tolo de achar que esse texto se resume ao fracasso desse ou daquele show na bilheteria do Circo. Esse texto fala de hábito, de moda, de tirar vantagem. Mas também fala de curiosidade, respeito e, claro, amizade.
Aquele ingresso que você se recusa pagar, mesmo quando pode, também pode ser um hábito delinquente! A cidade é pensada, reinventada, compartilhada e re-situada muitas vezes pelas Lou Lous e Raonis que rolam por aí. Cabe a gente, público, dar essa força a eles!



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