segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O Circo e a Rita por Maria Juçá!


Queridos amigos, galera que freqüenta o Circo Voador.
Do alto dos meus 1,60m, ao longo de meus 62 anos dos quais 35 anos passei tentando abrir buracos, alargar limites e recriar a realidade fazendo produção cultural, criando projetos e me largando ladeira abaixo como caminhão sem freio, nunca me senti tão emocionada, alegre e quase criança como nesse dia 21 de janeiro de 2012 – sábado – no show da Rita Lee. Foram quase 30 anos querendo que nossa estrela guia, rainha do rock, do pop, da poesia e da anarquia pisasse no pequeno e inquieto palco do nosso Circo Voador. Estávamos meio acabrunhados, pra não dizer ressabiados de produzir um documentário e um livro sobre a trajetória desse que é a nossa invenção coletiva sem a participação dela. Ainda a cerca de um mês e meio atrás nos perguntávamos: “ por que será que Rita Lee nunca veio ao Circo? Ficávamos nessa discussão prosaica procurando uma resposta. Afinal, somos o templo do rock nacional, revelamos para o Brasil e para o mundo, três gerações de artistas e músicos que estão em cena como protagonistas da música brasileira. As conjecturas eram as mais inusitadas: a gente é pequeno, a gente não tem grana para pagar o cachê dela e seus custos de produção, o empresário não quer que sua artista trabalhe para levar o cachê que depende totalmente do público, já que no Circo os artistas ganham participação da bilheteria, coisa de 50%, 60% , as vezes 65% ou até 70%, é nosso jeito alternativo de produzir.
Mas, eis que um telefonema da Chris Poladian para Zeca Fernandes, nosso programador, muda o rumo da história: a Rita Lee disse que quer fazer show no Circo Voador. Parecíamos baratas tontas avoadas em noite de trovoada. Corre pra lá corre pra cá, passa a limpo todos os detalhes, com todas as verdades expostas, tentando atender e negociar as exigências normais de uma artista consagrada, amada e reconhecida por todos como única. O pessoal da Poladian Produções, um gigante do show business, fez de tudo para dar certo a vinda dela e deu.
Vi as pessoas incrédulas diante de uma Rita Lee genial, cheia de energia e humor, botando todo mundo pra dançar, cantar, namorar, se divertir. Eu mesma me belisquei várias vezes me perguntando: será que é isso mesmo? Ou será que minha cabeça está inventando isso tudo como num sonho, meio dormindo, meio acordado, flutuante entre o território do sonho e o do desejo. Mas foram por pouco tempo os lampejos caóticos de minhas dúvidas constantes. Realmente estava assistindo um dos momentos, senão o momento, mais maravilhoso vivido ao longo de 30 anos dessa história do Circo Voador. Foi uma noite de esplendor. Desde que ela pisou no Circo, sentimos sua intensidade e sua singularidade: ela ficou no camarim desde as 18h, não quis ir para o hotel. Disse que estava muito ansiosa e nervosa. Só queria sair depois que o show acabasse. Queria ver seus lindinhos; fãs como nós todos, que certamente estaríam colados aos seus pés. E assim foi. Todos vieram ouvir os sucessos tocados, capitaneados pelo marido maestro e genial guitarrista Roberto de Carvalho, seu filho Beto Lee, também guitarrista da estirpe do pai e mais Danilo Santana nos teclados, Edu Salvitti bateria, Breno Di Napoli baixo e Debora Reis e Rita Kfouri como backing vocals.
Foi dádiva dos céus. Nossa noite foi esticada até o hotel Sofitel Copacabana para fazer a gravação de seu depoimento para o filme documentário e o livro porque ela não queria dividir seu tempo. Deixou o camarim para receber amigos e fãs.
Bem, o hotel Sofitel não nos deixou gravar em suas dependências porque queria uma solicitação prévia para aprovar. Acho que pensaram que estávamos fazendo um filme pornô com a Rita Lee e eles não queriam ser o cenário. Melhor para nós. Rita nos acompanhou até as areias do posto 6, com toda Copacabana a seus pés, sob o olhar de Dorival Caymmi eternizado numa estátua de bronze com um largo sorriso nos lábios.
Foi o fecho de uma conquista trabalhada cuja vitória nos deixou extasiados até agora. Se ela vai parar, não sabemos. Sabemos que reiteramos nosso convite para o lançamento de seu novo CD aqui, no nosso Circo Voador. Amigos, nós vimos. Quem não viu, verá trechos no filme, no livro, na exposição. Aguardem.


Maria Juçá

Foto: Fábio de Souza

2 comentários:

  1. Nossa! Quanto carinho de ambos! Típico de quem faz o que ama!!! Parabéns!

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  2. Uauuuuuu Juçá ..que EMOCIONANTE..que....MAGNIFICO.....ESPLENDOROSO....estou FELIZ sinto Muita PAZ, é você que IRRADIA..... Gosto de sentir a tua ALEGRIA. ...MARAVILHOSO "O Circo e a Rita por Maria Juçá!"e saber que chegou o DIA...que tudo CONSPIROU a favor dessa historia LINDA , do filme de NOSSAS VIDAS!

    beijusss grandesssss

    Elaine Ruas

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